segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PERFIL DE UM PSICOPATA

O PERFIL DO PSICOPATA
 Helci Rodrigues Pereira
    - De psicopata todos nós temos um pouco -
Etimologicamente, psicopata quer significar uma pessoa inadaptada que, durante curto ou longo espaço de tempo, revela doença mental grave ou leve e com repercussão social notável ou sem  importância. Muitas vezes reserva-se o termo alienado para os psicopatas que afligem a ordem pública.

Há uma terminologia variada para a expressão Personalidade Psicopática.

Tomado em seu sentido amplo, o termo psicopata há de incluir todos os casos de doenças mentais, quais sejam, por exemplo: oligofrenia, mania, melancolia, confusão mental, demências, esquizofrenias, histerias, etc.

Pensando no perfil do psicopata, podemos, em síntese apertada, estabelecer a sua caracterização, como veremos a seguir.

O psicopata padece de instabilidade psicomotriz: não conserva uma atitude assumida, não fixa a atenção na mesma ação, na reação constante, na perseverança do comportamento. É um inconstante por excelência.

Suas reações, marcadas pela hiperemotividade, são sempre fora de medida nos momentos da mínima perturbação de sua “atmosfera psicossocial”. Sua suscetibilidade às emoções é verdadeiramente mórbida, doentia, traduzindo-se por palidez ou rubor, tremores, palpitações, inibições, etc. Daí os desentendimentos de toda ordem no ambiente existencial; daí sua incapacidade de suportar a angústia, daí certas fugas, certos suicídios, a toxicomania, o alcoolismo, etc.

O psicopata é um imaturo afetivo, incapaz de saber o que realmente quer, de compreender-se a si mesmo, vivendo inconscientemente em constante dificuldade de empreender livremente, de criar autonomamente, de assumir responsabilidade por seus atos, em suma, é um adulto com personalidade infantil. Muitas vezes sua insuficiência e instabilidade se revelam pela agressividade para com os de suas relações, vivendo, inconscientemente, em constante luta contra o seu ambiente.

Por isso, o psicopata é caracterizado pela falta de adaptação social, pelo desacordo com a cultura, a sociedade, o ambiente, a família a que pertence, em que pese também os psicóticos, os neuróticos e até pessoas consideradas normais sofrerem, em menor grau, da inadaptação ambiental. Ele é fundamentalmente inapto para julgar situações concretas, tem grande carência da conivência do superego, deixa-se levar pelo instinto e pelo prazer, que ocupam o primeiro plano em sua vida; tende ao hedonismo, procurando satisfação imediata de suas necessidades e impulsos, ainda que a satisfação dos seus instintos signifique para ele muito mais uma descarga física ou fisiológica alheia a qualquer vivência psíquica, pelo que não experimenta o verdadeiro prazer hedônico.

O psicopata sofre de uma tendência patológica à fabulação consciente. As estórias imaginárias desse mitômano são, por algumas vezes, pobres de conteúdo e inverídicas, por outras, pitorescas e convincentes. É grande a sua capacidade para mistificar e camuflar, para alterar a verdade, para mentir, simular,  no escopo de chamar a atenção sobre si, a simpatia, a admiração, o espanto.

A personalidade do psicopata é, muitas vezes, paranóica, comumente caracterizada por orgulho exacerbado, auto-sobrestimação, falsidade de julgamento, inacessibilidade de raciocínio, desconfiança, indisciplina, vingança e revolta ou rebelião contra a autoridade, tanto quanto contra as normas sociais.

O psicopata tem uma constituição mental caracterizada pela esquizoidia, tendência à solidão, ao humor fechado, ao devaneio, a u’a mescla de alegria e tristeza, tendo, em conseqüência, mau contato com a ambiência e com a realidade, sendo suas reações motrizes, de comum, inadequadas, indo do impulso à inibição. Isso porque é caracteristicamente falto de autodomínio, embora nem sempre a falta de autodomínio seja sinal de psicopatia; seu desequilíbrio temperamental o torna incapaz de controlar seus instintos, sendo, ao contrário, por eles dirigido, como já referido.

Outra característica do psicopata é a perversidade, a tendência à prática de atos imorais, à satisfação em fazer maldades, em ser dissimulado e falso. Tende ao cometimento de atos associais e anti-sociais, inafetivos, sem compaixão, sem remorsos. Ele, desprovido de qualquer senso moral, não tem condições de perceber as dores alheias, embora as provoque sadicamente.

O psicopata é, muitas vezes, um explosivo, normalmente irritável, impulsivo, precipitado, agindo, mais das vezes, sem reflexão. É dominado por um estado emocional tal que não consegue usar o mecanismo da repressão, explodindo, agredindo, atacando.

Existe o psicopata histérico, aquele que tem seu estado emocional desviado para certos órgãos sensibilizados, decorrendo daí uma transformação somática de carga psíquica tencional. Ele reprime suas tendências e estas procuram descarregar-se por via indireta, adquirindo a forma dos sintomas de que o mesmo passa a experimentar. É o que os estudiosos denominam de “linguagem visceral dos problemas em forma de dores, surdez, insônia, etc.”

O psicopata obsessivo fixa-se numa idéia, da qual não consegue se libertar. Seu pensamento repete, repete, repete essa idéia, embora não entre em execução real. São exemplos de obsessividade patológica, segundo Henri Piéron: “Obsessões intelectuais (a consciência do enfermo fica como que presa a uma idéia que ele não consegue afastar; obsessões impulsivas (o doente é levado a realizar atos contrários às tendências normais de sua personalidade); obsessões inibidoras (medo de certos objetos, de certos atos, etc.).”

O psicopata é, em geral, uma pessoa privada de conscientia antecedens, tanto quanto de conscientia consequens, seja, não tem uma consciência que o avise ou estimule antes da ação, e que o acuse do mal feito depois de tê-lo praticado. Noutras palavras: Não mede conseqüências a priori, nem a posteriori. Pode, às vezes, arrepender-se de algo, mas não consegue mudar de comportamento.

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